segunda-feira, 31 de agosto de 2009

FRATERNIDADE ENTRE OS CRISTÃOS PRIMITIVOS- O ÁGAPE

A FRATERNIDADE E CARIDADE ENTRE OS CRISTÃOS PRIMITIVOS. Antes de Cristo, o mundo era sem amor, afirma um historiador moderno. Esse julgamento. Com certeza exagerado, tem o mérito de valorizar um dos princípios fundamentais da vida cristã. O Evangelho da caridade efetivamente renova as relações humanas. É uma “graça da humanidade para amar, socorrer e defender o próximo.” Em suma um verdadeiro estímulo aos atos fraternos, pois que não existe fé sem ação e que o amor a Deus e o amor ao próximo estão indissoluvelmente ligados. Nos primeiros tempos do Cristianismo, a fraternidade pôde ser exercida em escala do próximo mais imediato. No século II, excluindo as grandes metrópoles, a comunidade tem o aspecto de uma casa acolhedora; todos os fiéis se conhecem e se chamam pelos nomes. No século III, a igreja de uma pequena cidade como Dura-Europos não contém mais que 60 pessoas: é o tamanho de uma grande família. O diácono conhece a todos que estão em necessidade, e distribui-lhes pessoalmente os socorros necessários. Cada rosto lhe é conhecido, tanto o rico como ao deserdado, o da criança feliz como o do órfão, o do desempregado como o da viúva. O ÁGAPE. UMA INSTITUIÇÃO ESQUECIDA No século II, os cristãos ricos tinham o costume de convidar membros da comunidade para a refeição da noite. Entre seus convidados, encontravam-se pobres possivelmente escolhidos com a ajuda do diácono que lhes indica os mais necessitados. A denominação de Ágape ou refeição do amor expressa bem o que inspira este costume: trata-se, simultaneamente de proporcionar aos membros da comunidade a ocasião de um momento de vida comum e de ajudar aos pobres sem os humilhar. A mesa do ágape é modesta e frugal: nada de prodigalidade, nem de luxo. Também nada de desordem. Homens e mulheres recostados conforme a moda antiga, não renunciam a disciplina e à dignidade exigidas em qualquer assembléia cristã. Tertuliano evocou na apologética o clima dessas reuniões: “Nelas come-se a quantidade da sua fome. Bebe-se o quanto convém a pessoas sóbrias. Sacia-se o apetite como homens que, mesmo à noite, lembram-se que devem adorar a Deus. Conversa-se como homens que sabem que Deus escuta.” Presidido pelo ministro, o Ágape se inicia com uma bênção (oração, termina com uma lavagem de mãos e um cântico de ação de graças. É costume oferecer aos convivas, como presente, porções à escolha que levam num cesto ou num guardanapo. Então se despedem “com pudor e modéstia”, como pessoas que tiveram á mesa “uma lição, mais do que uma refeição”. A partir do século II, este costume foi aos poucos sendo deixado de lado, permanecendo somente entre aos pouquíssimos cristãos , que se dedicaram em manter a originalidade de todos os costumes cristãos.

CRISTÃO - UM CRIME PUNIDO PELAS LEIS ROMANAS - PARTE II

PARTE II Entretanto a situação dos cristãos permanece precária. A denúncia pode surgir a qualquer momento. E será cada vez mais freqüente, porque os motivos não faltam. Já vimos a opinião que o povo tinha a respeito dos primeiros cristãos; torna-os facilmente responsáveis pelas calamidades e desastres que se abatem sobre a cidade, a província ou o império. As autoridades romanas estão, portanto à mercê da VOX POPULI, que pode levá-las a violências involuntárias. Porque, mesmo sendo tolerado pelo Estado, o Cristianismo continua face às leis, a ser um crime capital expondo à morte aquele que alguém denuncuar. Tertuliano não deixou de salientar a ambigüidade e a falta da seguinte maneira, na apologética, a resposta de Trajano a Plínio, o Moço. “O príncipe respondeu que com certeza, essas pessoas não deviam ser procuradas, porém que, se eram denunciadas, deviam ser castigadas. Sentença admirável, cheia de contradição! Proíbe de procurá-los como se fossem inocentes, e ordena puni-los como se fossem culpados. Ela os protege e os ameaça, fecha os olhos ao crime mas, assim mesmo, castiga. Oh! Justiça, por que te envolves em tal confusão? Se não procura, por que não os absorve? Se os condena, por que não procurá-los? Em toda província designam-se destacamentos militares para procurarem os malfeitores: contra os que profanam a majestade do Estado e contra os traidores, todo cidadão transforma-se em soldado: PROCURA-SE ATÉ MESMO SEUS ASSOCIADOS E SEUS CÚMPLICES. Somente um cristão é que, não podendo ser procurado, pode ser denunciado, como se uma procura tivesse outra finalidade além da denuncia. Portanto, condenas depois de denunciado aquele que ninguém devia procurar! Se bem compreendo, ele é passível de sanções, não por ser culpado, mas porque, mesmo não sendo procurado, foi no entanto encontrado.” Com o assassinato do últimoAntonio em 193, a época dos imperadores-filósofos está terminada. O tripolitano Septimo Severo (193 – 211) inaugura a série dos imperadores soldados que procuram corrigir o enfraquecimento do poder central e conter a pressão dos bárbaros nas fronteiras. Para eles, os cristãos eram, pelo seu eumento crescente, um fermento de desagragação social e de divisão religiosa, por isso tomam medidas enérgicas contra a igreja. Por essa razão os éditos imperiais proíbem todo proselitismo e toda propaganda. Septimo /Severo é o primeiro em 202, a servir-se de um édito deste gênero. Consegue, assim, desmantelar a escola de Alexandria, dirigida por Clemente, enquanto numerosos catecúmenos sofrem o martírio no Egito, na Africa e na Gália. Se a perseguição abranda-se e chega mesmo a cessar inteiramente, salvos alguns incidentes locais, na Africa e em /Roma, em contrapartida, com Maximiniano (235-238) a sorte dos cristãos torna-se, outra vez, insuportável. Este imperador, levado ao trono por suas tropas, nutre aversão aos partidários do seu predecessor – Alexandre tolerou abertamente as comunidades cristãs – e vota um ódio a todos que recusam, apesar dos perigos, a colaborar na defesa do império. Entretanto, seu ataque limita-se á hierarquia, conforme o confirma Eusébio: “Condena à morte somente os chefes da igreja, como responsáveis da prédica segundo o Evangelho.” Aliás, a perseguição durou pouco tempo, acalmando-se antes do fim do reinado, e só obteve resultados medíocres. Em Roma, os chefes foram condenados ao exílio; na Palestina, Ambrósio e Protecto só tiveram algumas dificuldades; quanto às violências em Capadócia, foram mais o resultado do ódio popular. Depois de Maximianiano a Igreja não mais foi perturbada. Com Felipe, o árabe (244-249), irá até mesmo beneficiar-se da proteção imperial. Dessa maneira, durante a primeira metade do século III, desde severo até Décio, exceto durante a violenta porém curta reação de Maximiniano, o Cristianismo experimentou cerca de meio século de tranqüilidade. O regime esporádico dos éditos atacando o proselitismo não alcançara nenhum resultado: o povo cristão continuava aumentando.

CRISTÃO - UM CRIME PUNIDO PELAS LEISROMANAS- PARTE I

CRISTÃO – UM CRIME PUNIDO PELAS LEIS DO IMPÉRIO ROMANO PARTE I O Império Romano, considerava um delito a pessoa praticar o cristianismo. A maioria dos apologistas esforçou-se para justifica o Cristianismo como religião: queria “limpar” a causa cristã para obter das autoridades, se não a liberdade de culto, pelo menos a tolerância. A presença da igreja na sociedade antiga provoca, além do problema religioso, questões de ordem jurídica. Tertuliano foi o primeiro a abordar esse aspecto da questão. Sempre na Apologética, acusa com a máxima violência a atitude, segundo ele, inqualificável dos poderes públicos. “Acusa-se o nome, persegue-se o nome e somente o nome é suficiente para condenar antecipadamente uma seita desconhecida, um autor desconhecido, porque usam tal nome e não porque são crentes.” Aqui Tertuliano critica os magistrados que condenam os acusados por terem confessado sua qualidade de cristão e não por terem cometido crimes passíveis de punição pelas leis. De fato, se os juízes romanos perseguem assim o delito de Cristianismo, é porque esta religião opõe-se a uma antiga legislação religiosa, datando provavelmente dos tempos da república romana, “velha e confusa floresta de leis”, segundo Tertuliano, porém símbolo dos “costumes ancestrais” que não é concebível violar. De acordo com essas leis, todo novo deus deve ser aprovado pelo Senado, procedimento rigorosamente impossível de ser aceito pelo Cristianismo, por causa do caráter exclusivo do monoteísmo. Assim portanto, em virtude de leis tão vagas quanto veneráveis, o Cristianismo transformou-se em “religião ilícita” e, por conseguinte, podia dar lugar a perseguições judiciárias. Na sua quase totalidade, os imperadores romanos dos dois primeiros séculos não intervieram pessoalmente para que essas leis fossem aplicadas contra os cristãos. Entre eles, somente dois desencadearam as perseguições. A primeira ocorreu em 64, pouco depois do incêndio de Roma, no reinado de Nero. O historiador Tácito relata o acontecimento nos seus Anais: “No entanto, persistiu o rumor desagradável, segundo o qual o incêndio havia sido provocado por ordem do imperador. Para pôr um fim a estes boatos, Nero apontou culpados... Escolheu entre aqueles que o povo abominava e que designava pelo nome de cristãos.” Domiciano foi o responsável pela segunda perseguição entre os anos de 81 e 96, segundo nos conta Eusébio de Cesaréia na sua Crônica: “depois de Nero, Domiciano foi o segundo a perseguir os cristãos.” A MAIORIA DOS PRÍNCIPES, PORTANTO, MOSTROU UMA TOLERÂNCIA NEGATIVA, ABSTENDO-SE DE RECORRER ÀS MEDIDAS LEGAIS QUE ESTAVAM À DISPOSIÇÃO. Na época alguns foram mais longe, tomando a responsabilidade de moderar a aplicação das antigas leis. Como Trajano(98-117) que mostra de maneira bastante clara, na sua carta ao governador de Bitínia, Plinio, o Moço, que proíbe qualquer iniciativa da parte da autoridade: “Meu caro Plínio... não, se deve procurá-los; e se não denunciados e julgados culpados, é preciso puni-los, entretanto com a precaução de que aquele que nega ser cristão e o prove efetivamente adorando nossos deuses, por mais suspeito que seja o seu passado, deve ser perdoado por causa do seu arrependimento. Mas as cartas anônimas, em nenhuma hipótese, podem servir para incriminá-los; seria um mau exemplo, pouco digno da nossa época.” O Imperador Adriano (117-138) merece ser citado juntamente com Trajano, ele que na sua carta ao governador da Ásia Menor, Minucius Fundanus, proíbe as execuções num clima de tumulto popular e ameaça castigar as denúncias falsas. Antonio (138-161) também tomou medidas para proteger os cristãos de qualquer ação da justiça excessivamente sumária. Assim mesmo as perseguições ainda persistem durante os reinados liberais. Porém as reações anticristãs originaram-se da hostilidade popular e não de uma política do Estado, consiente e organizada. Terminaram-se as perseguições sistemáticas e ordenadas pelo poder central, mas continuam os ataques locais, feitos pelas populações com o consentimento dos magistrados romanos. (CONTINUA)

sábado, 8 de agosto de 2009

PALESTINA – JUDÉIA – NAS MÃOS DE HERODES

Herodes, o Grande, construiu o templo de Jerusalém, isto é o segundo templo, o qual foi dedicado no ano 10 a.C. Herodes provocou uma grande transformação na Palestina fazendo construções e melhoramentos nas cidades ou fortalezas. Palácios e fortalezas foram construídos, remodelados à moda helenística, como aconteceu em Jericó (onde era o local em que o rei passava o inverno.) Em Jerusalém cai neve durante o inverno, já em Jericó é muito quente. Herodes tinha a tendência de chamar a atenção para si, e se vangloriava por suas grandes obras. Por isso foi alvo de muita inveja e de ataques de todos os lados. Ataques e insidiosas denúncias ou calúnias junto a Roma. Sua luxuosa corte era o lugar ideal para intrigas urdidas pelos membros de sua família. convém lembrar que a sucessão no trono neste tempo de domínio romano não dependia de herança familiar. O imperador romano é quem nomeava o rei das províncias. Sua irmã Salomé, com seus filhos Aristóbulo e Antipáter tentavam conquistar as graças de Augusto visando a sucessão do monarca. Os intrigantes lançavam mão de todos os meios e Herodes respondeu com violência. dois de seus filhos, Alexandre e Aristóbulo, tanto fizeram que Herodes, dependendo do apoio do imperador que os havia destituído, viu-se obrigado a mandar estrangulá-los. Seu outro filho, Antipáter, foi condenado à morte por Roma e executado cinco dias antes de o próprio Herodes, idoso e minado pela doença, rodeado de invejosos e de inimigos falecer no ano 4 a.C Foi neste intere que nasceu em Belém da Judéia um menino, de uma família pobre e desconhecida, e que viria a ser alvo do sucessor de Herodes o grande.

A sucessão de Herodes não se fez sem dificuldades; e a testamento que ele deixara em favor do seu filho Arquelau provocou rivalidades e lutas sangrentas. Par ocasião da Pascoa do ano 4 a.C., enquanto Arquelau estava em Roma, para fazer valer as seus direitos, um levante provocado pelos Fariseus foi violentamente reprimido pelo exercito, fazendo três mil vítimas. Uma embaixada judaica (independente de Arquelau) havia, também, ido a Roma para solicitar autonomia, recusando a autoridade de Arquelau. No entanto, o imperador, influenciado pelo discurso de Nicolau de Damasco, um orador que havia apoiado Herodes, confirmou os direitos de Arquelau, não mais a nomeando rei, porem etnarca: ele recebia a Judéia, a Samaria e a Idumeia, enquanto Herodes Antipas recebia a Galiléia e a Pereia; Filipe, um outro filho de Herodes, foi nomeado tetrarca de minguadas terras em Aurinitis e Traconitis, a nordeste da Galiléia. Algumas cidades gregas, como Gaza, Hipos e Gadara, recobraram sua independência. Com isso, a realeza herodiana terminava e seu território foi dividido. Ora, na Palestina, as levantes e as agitações continuavam. Par toda parte formavam-se facções contra Roma ou contra as cidades não judaicas, com freqüência lideradas por aventureiros que procuravam tirar proveito das desordens para fazer fortuna ao adquirir renome. A inépcia de um enviado de Augusto a Síria, Sabino, agravou mais ainda a desordem. Sabino ficou sitiado na Antônia de Jerusalém por uma multidão hostil. Varo, então governador da Síria, foi obrigado a intervir militarmente. Mas, quando este voltou para Antioquia, as agita90es recome9aram, obrigando-o a voltar bem arrumado: dois mil chefes revoltosos foram crucificados.

Arquelau pode, então, tomar posse. Em seguida, sentindo-se apoiado pela legião romana deixada por Varo em Jerusalém, procurou vingar-se dos que haviam sido hostis para com ele. Augusto tomou conhecimento dos excessos cometidos pelo etnarca, convocou-o a Roma e, depois de um processo, enviou-o para 0 exílio em Viena, as margens do Reno onde ele morreu.

A Judéia foi transformada, então, em província pretoriana e a cidade de Cesárea (fundada por Herodes) tornou-se a capital e Antipas e Filipe conservaram 0 governo que Augusto Ilhes havia confiado.

as Zelotes e os Fariseus receberam com alegria a resolução que os livrava de um soberano detestado e lhes permitia transformar Jerusalém numa cidade unicamente religiosa sob a vigilância do pretor que, em geral, residia em Cesárea, porem ia, com freqüência, passar temporadas no palácio de Herodes. A fortaleza Antônia estava ocupada pelas tropas romanas encarregadas de manter a ordem.

O pretor romano tinha todos os poderes: administrativo, militar e judiciário. Perante ele, 0 Sinédrio, ou assembléia dos doutores da lei, dirigido pelo sumo sacerdote, constituía a mais alta autoridade local, subordinada, todavia a do pretor, que podia se arrogar o direito de nomear o sumo sacerdote. Entretanto, continuava existindo uma hostilidade latente entre os Samaritanos os e os Fariseus, que tentavam se prejudicar mutuamente. as constantes conluios dessas facções ameaçavam a paz ate nas cidades estrangeiras onde colônias judaicas se haviam instalado. Por isso, 0 imperador Tibério, sucessor de Augusto, não hesitou em mandar embora de Roma todos os Judeus que nela se encontravam, enviando no ano 19 de nossa era 4.000 libertos para a Sardenha a fim de combater os malfeitores.

A paz romana estava, no entanto, ausente na Palestina; havia, apenas, a paz religiosa. as pretores e os governadores sucederam-se sem choques. Em 27 a.D., 0 pretor Poncio Pilatos foi designado para 0 lugar. Mostrou-se enérgico e decidido, mantendo Caifás, o sumo sacerdote nomeado pelo seu predecessor Valério Gracio. Apesar disso, os judeus religiosos não abandonaram a luta e criaram todas as dificuldades possíveis ao Romano, forjando conluios e não hesitando em difama-lo para que 0 imperador 0 destituísse. as escritos do filósofo alexandrino judeu Filon não se abstinham de participar desta campanha de difamação sistemática dos atos do pretor. as Fariseus, em oposição a qualquer forma de governo estrangeiro e só reconhecendo a autoridade de Yahwe, eram difíceis de ser controlados. E, para eles, todos os pretextos serviam para amotinar 0 povo, fosse para protestar contra a presença de insígnias romanas em Jerusalém, ou contra a construção de um aqueduto de 37 quilômetros para trazer água para a cidade. Na Galiléia também existiam seitas, entre as quais ados Zelotes, que constantemente espalhavam a desordem. E dentro desse contexto que se desenrola o processo de Jesus. o Sinédrio, naquela ocasião, quis confundir Poncio Pilatos. Este, que se recusava a ver no homem que Ilhe era apresentado um agitador politico e achando que as divergências religiosas não eram da sua alçada mas sim do Sinédrio, preferiu lavar as mãos: para o pretor romano, aquele era um caso sem nenhuma importância, e a justiça de Roma não devia se envolver. Que importância tinha, para ele, a morte de um pobre judeu? Quanto ao suplicio da cruz, era de usa corrente, naquela época, para a maioria dos condenados a morte de origem humilde.

A condenação de Joao Batista foi da mesma natureza. Como o pregador reunia a sua volta grandes multidões, tinham medo de que ele fomentasse algum distúrbio serio. Herodes Antipas mandou prende-lo e, diante da sua insolência - não ousou ele criticar sua vida particular? - mandou executa-lo. Este era o procedimento normal daquele tempo. Na qualidade de pretor, Poncio Pilatos devia apoiar a policia e garantir a paz.

Com a morte de Tibério, em 37 a.D., um neto de Herodes, Agripa, que era um dos favoritos de Calígula - tornado imperador a custa de diversas maquinações  foi nomeado rei da Judéia. Filipe morreu sem deixar herdeiros e suas terras voltaram para o império. Quanto a Antipas, tetrarca da Galiléia e da Pereia, foi acusado de conspirar contra o império e rapidamente destituído em proveito de Agripa que recebeu, também, a Judéia e a Samaria.

o assassinato de Calígula - que havia ordenado que se colocasse sua estatua no templo de Jerusalém - chegou a tempo para impedir uma revolta declarada dos Judeus, ultrajados com tal pretensão. Claudio, 0 novo Imperador, mostrou mais moderação e, ao mesmo tempo que mantinha Agripa no trono de Jerusalém, restituiu a liberdade de culto aos Judeus.

Agripa, herdeiro do reino de Herodes, 0 Grande, quis mostrar-se um rei judeu e se fez notar pela sua piedade. Para agradar aos habitantes de Jerusalém, começou a construir uma terceira muralha em volta da cidade; porem, sua morte, em 44 a.D., fez com que os trabalhos fossem abandonados.

O fato de a Judéia voltar a ser uma província pretoriana e a chegada de novos pretores reavivou ainda mais a inimizade que existia entre o exercito e os Samaritanos (ou Sebasteanos) de um lado, e os judeus fanáticos de Jerusalém, do outro. Numerosos incidentes tornaram a pretoria uma tarefa árdua. Malfeitores percorriam 0 pais, pilhando e assassinando. Nenhum pretor, fosse sob 0 reinado de Claudio ou de Nero, conseguiu impor a ordem no pais; e as exploos6es de revolta popular ocorriam sob qualquer pretexto. Ap6s as maquinay6es do pretor Floro, os incidentes multiplicaram-se e os Zelotes passaram a atacar os Romanos onde quer que estes se encontrassem. Em 66 a.D., fanáticos sitiaram a Antônia e, na maioria das outras cidades da Judéia, os Judeus extremistas esforçavam-se em provocar distúrbios, aliando 0 terrorismo aos assaltos e não hesitando em raptar pessoas influentes para obter, em troca, a liberdade dos seus companheiros aprisionados. 0 massacre da guarnição de Antônia, que havia saído da fortaleza com a promessa de que os soldados teriam suas vidas respeitadas, provocou enorme reação nos meios não judaicos, especial mente na Cesárea, onde os judeus foram massacrados ou enviados para as galeras pela população e por Floro.

Bandos de judeus percorreram o pais, destruindo a ferro e fogo as aldeias, ate mesmo as israelitas. As cidades moderadas e helenizadas reagiram, perseguidor os judeus que se encontravam dentro dos seus muros. Fora da Judéia, em Alexandria, os Judeus se opuseram com tal violência aos Gregos que as legi6es romanas tiveram que intervir. E então que 0 legado da Síria, Cestio Galo, enviou a 12." legião e numerosos contingentes aliados para a Judéia, a fim de castigar os rebeldes e restabelecer a ordem. Depois de retomar algumas cidades, chegou ate os muros de Jerusalém mas, talvez por indecisão, deu ordem de retirada. Os Judeus, então, lançaram-se a sua retaguarda, infligindo-lhe pesadas perdas.

Entretanto, em Jerusalém, onde os Zelotes conduzidos por Menaem triunfavam, era grande o número

de judeus que s6 desejavam a paz e reprovavam, intimamente, 0 terrorismo dos fam Hicos; e a maioria deles abandonou a cidade. Com a morte de Menaem, a cidade dividiu-se em facções: os Zelotes (também divididos), os Fariseus, que tomaram o poder e os Saduceus moderados.

Nero, informado dos acontecimentos, decidiu enviar um dos seus generais, Vespasiano, acompanhado de seu filho Tito, a frente de um exercito de cerca de 60 mil homens, para pacificar 0 pais. Pacificação significa guerra. E esta primeira guerra judaica foi total. as rebeldes fortificaram-se nas suas cidades e as legiões romanas, que já haviam conhecido situações mais difíceis, não lhes deram nenhuma trégua. A tomada da fortaleza de Jotapata, na Galiléia, provocou a submissão desta província. a comandante judeu da Galiléia, Josefo, um Fariseu, era moderado. Bom administrador, teve que se opor com violência ao bando de um exaltado, João de Giscala, que havia conquistado a simpatia de alguns membros do Sinédrio de Jerusalém. Destituído do seu comando pelos doutores da lei, Josefo continuara, entretanto no seu posto e, com habilidade, dirigiu a defesa da fortaleza de Jotapata. Em Jafa (Joppe) os Judeus haviam instalado uma base de piratas e, com a aproximação de Vespasiano, fugiram em seus navios; porem uma súbita tempestade dispersou a frota. Vespasiano, homem sagaz, deu um tratamento cordial a Josefo, cujas habilidades e coragem apreciava, 0 que irritou os Zelotes de Jerusalém que o acusaram de traição.

Todavia, Vespasiano continuou seu avanço vitorioso, atacando sucessivamente todas as cidades on de houvesse uma rebelião contra a autoridade romana. Em Jerusalém, a guerra civil causava estragos. Zelotes vindos da Galiléia pretendiam impor sua lei ao Sinédrio, que procurava organizar a resistência contra os Romanos. os Idumeus aderiram aos terroristas mas, depois, os abandonaram; enquanto outros fanáticos, os Sicários (Zelotes extremistas, antigos partidários de Menaem) queriam restabelecer a teocracia, exercendo uma politica de assassinatos.

Joao de Giscala, ao contrario do que seria de se esperar, não fez nenhum esforço para trazer de volta a calma. Senhor do Templo, juntamente com o sacerdote Eleazar ele fez com que 0 terror reinasse, durante algum tempo na cidade. Mas as paixões exacerbavam-se cada vez mais e os combates entre facções sucediam-se aos crimes.

Um chefe de bando chamado Simão Bargiora tentou, então, aproveitar da desordem e conquistar a Idumeia antes de atacar Jerusalém. Conseguiu tomar o santuário de Hebron e avançou em direção a Cidade de Davi, semeando 0 terror a sua volta. Na cidade, entrementes, além das facções religiosas e dos fanáticos de toda casta, defrontavam-se dois partidos regionais: os Galileus de Joao de Giscala, que praticavam a pilhagem e o assassinato fazendo-se passar por civilizados; e os Idumeus (antes aliados de Joao de Giscala, que os havia levado para Jerusalém) que logo se opuseram a sua tirania. Finalmente, os Fariseus, num ultimo esforço para derrotar Joao de Gisscala, abriram as portas da cidade para Simão Bargiora. Porem, uma outra facção havia-se formado, a dos Zelotes da Judéia que, dirigidos pelo sumo sacerdote Eleazar, opunha-se a todas as outras. No entanto ela foi obrigada a aliar-se a Joao de Giscala. A guerra civil se desencadeava, não poupando ninguém.

Em Roma, com a morte de Nero, iniciou-se uma crise de sucessão no Império. Vespasiano, depois de haver reconquistado uma parte da Idumeia e da Judéia, era aclamado Imperador pelo exercito do Oriente. Vitelio, a frente das legiões da Germânia, havia entrado em Roma como senhor e aterrorizava a Italia. Vespasiano, em Alexandria, de onde protegia 0 Egito, aguardava 0 resultado da luta que se havia travado entre os adeptos de Vitelio e os seus partidários. Com

derrota e morte daquele em 69 a.D., Vespasiano Ide voltar a Roma, deixando as operações da Polessia a cargo de seu filho, lito, que voltou as pressas Ira a Judéia com um poderoso exercito acrescido de um contingente egípcio. Em seguida, sitiou Jerusalém, principal foco dos rebeldes, instalando acampamentos em toda a volta da cidade e mandando desimpedir o acesso a esta ultima.

As operações foram demoradas. Se bem que os dois primeiros muros fossem conquistados sem muitas dificuldades, a fortaleza Antônia resistiu obstinadamente e protegia com eficácia 0 primeiro muro. A operação começou na época da Pascoa, mas só em 9 de agosto a fortaleza e o próprio templo seriam tomados. Durante a luta, 0 templo foi destruído pelo fogo e a maioria dos monumentos, entre eles, a Antônia, desmoronaram. Consta dos relatos de Josephus - que se tinha colocado ao lado dos Romanos e tendo, inúmeras vezes, ido exortar os Judeus de Jerusalém a se renderem  que Tito tentara impedir o incêndio ao templo, porem, não conseguiu refrear o ardor da soldadesca que se havia lançado a pilhagem. Tudo o que o fogo havia poupado foi sistemática mente demolido. Restavam, para ser conquistadas as cidades altas e baixas, ainda em poder de grupos que resistiam ferozmente, cujo quartel-general foi instalado no palácio real!. Então, os soldados, para desalojar os terroristas, tiveram permissão para incendiar os edifícios e as casas. No dia 25 de setembro, os Idumeus colocaram-se ao lado dos Romanos, os muros do palácio real desabaram sob os golpes do aríete e, finalmente, terminou o massacre. Uma parte da população foi levada em cativeiro, exceto os homens mais fortes que deveriam fazer parte do "triunfo" de Tito. Joao de Giscala, Aprisionado, foi condenado a prisão perpetua e Simão Bargiora foi executado. a produto das pilhagens foi imensa e o arco de Tito, em Roma, ainda mostra, num dos seus baixos-relevos, os soldados romanos carregando os tesouros do templo. Quanto aos prisioneiros, eram tão numerosos que 0 preço dos escravos baixou enormemente, de modo que todo cidadão romano, de qualquer condição econômica, podia possuir vários destes Judeus, que foram ainda mais desprezados.

Tito apressou-se em retornar a Roma onde seu pai, 0 imperador Vespasiano, recebeu-o de braços abertos. Suetonio nos relata 0 encontro entre o pai e o filho vitorioso: "Cheguei, meu pai, cheguei" ...

a grande momenta aconteceu no ano 71 a.D., em Roma, onde Tito se fez aclamar, levando no seu cortejo mais de 700 prisioneiros e os tesouros do templo, entre os quais, 0 celebre candelabro de sete braços em aura e a mesa dos pães da proposição. a triunfo de Tito constou de jogos nos quais os Judeus prisioneiros foram obrigados a lutar entre si ate a morte ou foram atirados as feras.

E a decima legião acampou nas ruinas da Jerusalém deserta.

Poder-se-ia acreditar numa Palestina definitivamente pacificada depois do cerco da ultima fortaleza judaica de Masada, onde se haviam refugiado uns 960 Sicários que preferiram o suicídio a rendição quando os muros caíram sob os golpes do aríete dos Romanos, que haviam feito enormes obras de acesso em volta do rochedo em 73. Ela só estava aparentemente pacificada, porque os Zelotes nao haviam renunciado ao restabelecimento do Estado politico judaico e aguardavam o momento de executar uma vingança terrivel.

Em Jerusalem, a vida recomeçava nas ruinas, graças, em parte, aos soldados da X Legiao, ai acanntonados, e que exploravam a terra cultivavel para sua subsistencia; e, tambem, aos sobreviventes que tentavam ganhar dinheiro vendendo mercadorias úteis aos estrangeiros e aos peregrinos que visitavam a cidade de Davi.

Fonte: a arqueologia e os enigmas da biblia

por Louis Frédéric (Editions Ferni)

A vida nos tempos de Jesus

COMO ERA A VIDA NOS TEMPOS DE JESUS? Este dois excelentes vídeos, muito bem explicado pelo autor, nos dá a entender como viviam os judeus...