sexta-feira, 31 de julho de 2009

O POVO DE ISRAEL

Por F. Gfeller

Fonte:

In Leituras Cristãs Volume XXXIII

Embora o pensamento de Deus tenha sido o de Se revelar a toda a Criatura, escolheu um povo para receber essa revelação. Foi escolhido segundo a sabedoria de Deus e não por causa de uma qualificação particular. A sua História demonstra claramente que o privilégio de se ser depositário dos oráculos de Deus não requer, de início, um carácter especial de nobreza moral.

a) A Sua Origem

Entre a família humana surgida de Noé, após o dilúvio, Abraão foi o primeiro a ser interpelado por Deus. O conhecimento do verdadeiro Deus tinha-se esbatido, misturando-se com a idolatria nascente. Naquele tempo, o testemunho de Deus era transmitido oralmente, de uma geração a outra. Apesar da longevidade da vida de então, que permitia que, pelo menos, seis gerações pudessem conviver, esta transmissão oral da Palavra de Deus não estava isenta de profundas falsificações. Por isso tornava-se indispensável uma revelação particular da parte de Deus, assim como a acção do Espírito Santo para tornar possível a manutenção da relação entre o homem e Deus.

A chamada de Abraão dá-nos a conhecer dois factos de fundamental importância: a separação, "sai da tua terra e de entre a tua parentela" e a obediência da fé, "e dirige-te à terra que eu te mostrar" (Actos 7:3). São-lhe feitas promessas sem condição alguma em relação com a sua descendência. Essas promessas são depois renovadas a Isaac e a Jacob, que devem ainda esperar o seu cumprimento num país onde são estrangeiros. A história destes três patriarcas está cheia de ensinamentos, e o leitor conhecê4os-á com proveito, lendo o capítulo 12, e seguintes, do livro de Génesis.

Portanto, com Abraão, Isaac e Jacob temos a origem do povo de Israel. O nome de Israel foi dado a Jacob após os seus memoráveis encontros com Deus, aquando do regresso do exílio (Génesis 32:28 e 35:10). Os doze filhos de Jacob converteram-se nos pais das doze tribos de Israel, cuja História enche o Antigo Testamento.


b) A Sua Organização

Como Deus já tinha dito a Abraão, os descendentes do patriarca habitariam durante muito tempo num pais estrangeiro, onde seriam submetidos à escravidão. Isto teve lugar no Egipto, para onde José foi vendido pelos próprios irmãos e onde chegou a ser o Governador do país. Depois de ter chamado para junto de si a sua família, para a livrar da fome, José morre e dá-se uma mudança de dinastia no Egipto. A opressão e a escravatura vieram a ser a porção deste povo, que se tinha tornado muito numeroso durante esse longo tempo. Então Deus suscitou a Moisés, a quem a providência divina introduziu na corte do Faraó, para que ali recebesse todos os conhecimentos que o povo egípcio possuía. São assim os caminhos de Deus, que queria dotar a Israel de um libertador para o conduzir e o ensinar; e não só isto, mas também formar um legislador que escrevesse as leis que Ele lhe ditaria, para as comunicar ao povo.

O advento de Moisés e a revelação que Deus lhe faz no Monte Horeb, diante da sarça ardente, são o ponto de partida da relação de Deus com Israel; mas a saída do Egipto, com o sacrifício da Páscoa e a travessia do Mar Vermelho também fazem parte desse ponto de partida, sob o ponto de vista humano. Desde que o sangue do cordeiro pascal foi espargido à entrada das casas israelitas, o povo foi separado para ser libertado. E uma vez saído do Egipto, através do Mar Vermelho, é conduzido pelo próprio Deus, para vir a ser introduzido na terra prometida a Abraão.

Um povo de mais de dois milhões de pessoas carecia de uma legislação adequada. Porém, como provê-la? É Deus que, mais uma vez, pela disposição dos anjos, dá ao Seu povo uma lei que ficou como um modelo no seu género até aos nossos dias. Nada foi deixado à mercê da fantasia do homem. Tudo assenta sobre o que Deus ordenou a Moisés, quer no Monte Sinai, quer no meio do tabernáculo do testemunho. Tanto para o culto como para a vida corrente, os ensinamentos são sempre comunicados por Deus.


c) O Seu Destino

O pensamento de Deus em relação ao Seu povo foi comunicado a Abraão, foi mencionado a Moisés e foi confirmado uma infinidade de vezes pelos profetas. Foi objecto do louvor de Israel à beira do Mar Vermelho: "Tu os introduzirás, e os plantarás no monte da tua herança, no lugar que tu, ó Senhor, aparelhaste para a tua habitação, no santuário, ó Senhor, que as tuas mãos estabeleceram" (Exodo 15.17). Tal pensamento consistia em morar no meio do Seu povo e em que este fosse totalmente feliz à Sua volta.

Para tornar possível o cumprimento deste desígnio de amor, Deus utilizou todos os meios, indo ao ponto de enviar o Seu Unigénito Filho, mas foi tudo em vão: A lei foi violada, os profetas não foram escutados, e o Filho foi assassinado! Que resta, pois? Cumprirá Deus as Suas promessas, apesar de tudo? A constante rebelião do Seu povo não fará com que os Seus pensamentos mudem em relação a ele? A única resposta a estas perguntas reside na misericórdia divina, como lemos em Romanos 11: " Porque os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis. Porque assim como vós, também, antigamente fostes desobedientes a Deus, mas agora alcançastes misericórdia, pela desobediência deles, assim também estes, agora, foram desobedientes, para também alcançarem misericórdia, pela misericórdia a vós demonstrada. Porque Deus encerrou a todos debaixo da desobediência, para com todos usar de misericórdia... Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos! " (Romanos 11:29-33).

O profeta Miqueias já o declarara no final da sua mensagem: "Quem, ó Deus, é semelhante a ti, que perdoas a iniquidade, e que te esqueces da rebelião do restante da tua herança? O Senhor não retém a sua ira para sempre, porque tem prazer na benignidade. Tornará a apiedar-se de nós; subjugará as nossas iniquidades, e lançará todos os nossos pecados nas profundezas do mar. Darás a Jacob a fidelidade, e a Abraão a benignidade, que juraste a nossos pais, desde os dias antigos" (Miqueias 7:18-20).

Sim, Deus abençoará o Seu povo quando este se voltar para o Senhor, a Quem crucificaram, e quando, com a mais profunda humildade, confessarem o seu crime (veja-se Zacarias 12:10-14). O Senhor Jesus aparecerá em glória perante os olhares admirados do Remanescente futuro, que Lhe dirá: "Que feridas São essas nas tuas mãos?" E Ele responderá: "São as feridas com que fui ferido, em casa dos meus amigos (Zacarias 13: 6). Será então estabelecido o Reino de Justiça e Paz, pelo qual o mundo inteiro suspira, e que levará Israel a desfrutar finalmente das promessas feitas a Abraão há uns quatro mil anos.


d) O Privilégio Deste Povo

Actualmente Israel ainda está em estado de desgraça. O profeta Oseias, já o anunciara, ao dizer: "Põe-lhe o nome de Lo-ruhama, porque eu não me tornarei mais a compadecer da casa de Israel... Póe-lhe o nome de Lo-ammi, porque vós não sois meu povo, nem eu serei vosso Deus" (Oseias 1:6 e 9). (Lo-ruhama significa Desfavorecida, e Lo-ammi quer dizer Não-meu-povo).

No entanto este estado não impede que a bondade de Deus se manifeste sempre para com todo aquele que, de coração contrito, para Ele se volte, seja Judeu ou Gentio. Mas o reatamento das relações privilegiadas de Deus com Israel não terá lugar senão mais tarde, quando a Igreja estiver completa e todos os seus membros reunidos, Judeus e Gentios: "Não quero, irmãos, que ignoreis... que o endurecimento veio, em parte, sobre Israel, até que a plenitude dos Gentios haja entrado. E assim, todo o Israel será salvo... Assim que, quanto ao Evangelho, são inimigos, por causa de vós; mas, quanto à eleição, são amados, por causa dos pais. Porque os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis" (Romanos 11:25-29).

Este povo, colocado sob o Juízo de Deus por causa da sua desobediência, continua sendo, não obstante, um povo privilegiado! "Logo, qual é a vantagem do Judeu? Ou qual a utilidade da circuncisão? Muita, sob todos os aspectos, mas principalmente porque aos Judeus foram confiados os oráculos de Deus" (Romanos 3:1-2). Também se diz de Israel: "Dos quais é a adopção de filhos e a glória, e os concertos, e a lei, e o culto, e as promessas; dos quais são os pais, e dos quais é Cristo, segundo a carne, o qual é sobre todos, Deus bendito eternamente" (Romanos 9:4-5).

As profecias relativas a Israel enchem a Palavra de Deus. Foram proferidas, desde os tempos antigos, quer pelo próprio Deus, quando Se dirigiu aos patriarcas, quer por Jacob, no magnífico capitulo 49 de Génesis, quer por Balaão nos capítulos 23 e 24 de Números, onde lemos, entre outras coisas: "Eis que este povo habitará só, e entre as gentes não será contado" (Números 23:9). O facto de este povo ter conservado a sua própria identidade, apesar da sua dispersão por todo o mundo e das inumeráveis perseguições que tem sofrido, continua sendo um mistério, demonstrando bem quão verdadeira é a Palavra de Deus Esta "nação alta e polida... povo terrível desde o seu início; nação de medidas e de vexames" (Isaias 18 2) não será Israel no tempo actual? Não será maravilhoso ler tantas vezes nas Sagradas Escrituras descrições proféticas escritas há mais de dois mil anos, referentes a Israel, que correspondem exactamente ao que lhe tem ocorrido, ao que lhe ocorre e ao que lhe há-de acontecer?

A característica deste povo judeu, que tem atraído sobre si o ódio e que tem suscitado a inveja entre os seus vizinhos, corresponde rigorosamente à sua História, tal como nos é revelada na Palavra de Deus. Cego como está quanto a Cristo, sob o império do poderoso enganador, que tem obscurecido o seu coração, utiliza o seu engenho para aumentar o seu orgulho e o seu desejo de domínio. Quando Israel se voltar para o Senhor Jesus, e, com perfeita humildade, reconhecer Aquele que crucificou, terá lugar a sua plena restauração. O potencial dos recursos acumulados há-de servir para a prosperidade do período bendito que então será instaurado. Este povo industrioso saberá tirar proveito do que tiver adquirido durante a sua dispersão, e, elevado então a cabeça das nações, fará beneficiar o mundo dos poderosos meios de que dispuser. (Ver: Números 24:5-7); Deuteronómio 28:1-14; Isaias 60:1 a 61:9).


e) As Tribulações de Israel

Ainda no Egipto, os filhos de Israel conheceram a tribulação. Quando surgiu um novo Faraó, que não tinha conhecido José, decidiu submeter à escravatura o povo israelita, que, a seus olhos, se tinha tornado muito numeroso, e, portanto, de temer, acabando por decretar que fossem assassinados todos os recém-nascidos do sexo masculino, para, desse modo, destruir aquela raça, que o importunava. Todavia, por detrás do Faraó, nesta medida discernimos o próprio Satanás fazendo tudo quanto podia para invalidar a promessa que Deus fizera a Eva em relação à sua semente, que, um dia, havia de esmagar a cabeça da serpente. Muitas vezes Satanás repetiu os seus esforços nesse sentido, indo até ao massacre dos meninos de Belém, mas Deus não permitiu a total realização desses diabólicos intentos.

Outra das astúcias de Satanás consistiu em seduzir o povo de Deus, levando à rebelião contra Jehovah. Ao atrair sobre ele o justo castigo divino, talvez Satanás pensasse que Deus abandonaria esse povo rebelde. Com efeito, desde a travessia do deserto até à deportação para Babilónia, frequentemente se abateram sobre Israel diversos e mui severos castigos. No entanto Deus dá sempre seguimento à Sua misericórdia, actuando por causa do Seu Nome, "para que não fosse profanado diante dos olhos das nações" (Ezequiel 20:9, 14 e 22).

A rejeição do Messias por parte de Israel e a morte de Jesus atraíram sobre este povo um Terrível Juízo. A Jerusalém foi saqueada, destruída, e os seus habitantes dispersos entre todas as nações, como consequência directa do crime do Gólgota.

E desde há perto de dois mil anos que o povo judeu sofre tribulações como nenhuma outra nação jamais conheceu. "Caia sobre nós o seu sangue, e sobre nossos filhos!" (Mateus 27:25), e, com efeito, assim tem acontecido. Os "ghettos" (bairros onde eram confinados os Judeus), os campos de extermínio e as câmaras de gás ainda estão na memória de todos. Satanás está por detrás da cena, não o duvidemos, dado que o seu propósito consiste sempre em prejudicar o cumprimento dos desígnios de Deus; mas estes hão-de realizar-se para glória do Senhor e Salvador nosso, Jesus Cristo, para plena restauração de Israel e para bênção universal. Mas, até que esse acontecimento tenha lugar, haverá ainda um terrível tempo de prova para os judeus: "Tempo de angústia para Jacob; ele, porém, será livrado dela" (Jeremias 30:7).

Esta tribulação sem precedentes, limitada a três anos e meio, é anunciada pelos profetas, pelo Senhor Jesus e pelos apóstolos, e terminará com o glorioso advento do Senhor e a destruição do Anticristo. Este sinistro personagem, que se apresentará como Deus e actuará em seu próprio nome, será recebido pela nação apóstata e muitos o seguirão no seu erro.

No entanto, um Remanescente fiel permanecerá unido ao seu Deus, esperando vigilante a vinda do Senhor. Este grupo, preservado no meio desse terrível período, é representado pelos 144.000 selados do capítulo 7 de Apocalipse, que formarão o núcleo do Israel futuro e a raiz desse novo povo, que será uma bênção na Terra, sob a égide do Rei de Glória.

copiado do site: IRMÃOS.NET

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