"Porque Cristo enviou-me, não para batizar, mas para evangelizar; não em sabedoria de palavras, para que a cruz de Cristo se não faça vã. Porque a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus." "Mas longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo." I Coríntiosl.17,18 Gálatas 6.14
sexta-feira, 19 de junho de 2009
APASCENTANDO OVELHAS OU ENTRETENDO BODES?
Pr. Charles Haddon Spurgeon
Apascentando Ovelhas ou Entretendo Bodes?
Tradução: Walter Andrade Campelo
Um mal está no declarado campo do Senhor, tão grosseiro em seu descaramento, que até o mais míope dificilmente deixaria de notá-lo durante os últimos anos. Ele se tem desenvolvido em um ritmo anormal, mesmo para o mal. Ele tem agido como fermento até que toda a massa levede. O demônio raramente fez algo tão engenhoso quanto sugerir à Igreja que parte de sua missão é prover entretenimento para as pessoas, com vistas a ganhá-las.
Da pregação em alta voz, como faziam os Puritanos, a Igreja gradualmente baixou o tom de seu testemunho, e então tolerou e desculpou as frivolidades da época. Em seguida ela as tolerou dentro de suas fronteiras. Agora as adotou sob o argumento de atingir as massas.
Meu primeiro argumento é que prover entretenimento para as pessoas não está dito em parte nenhuma das Escrituras como sendo uma função da Igreja. Se este é um trabalho Cristão, porque Cristo não falou dele? "Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura." (Marcos 16:15). Isto está suficientemente claro. Assim teria sido se Ele tivesse adicionado "e proporcionem divertimento para aqueles que não tem prazer no evangelho." Nenhuma destas palavras, contudo, são encontradas. Não parecem ter-lhe ocorrido.
Então novamente, "E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores... para a obra do ministério" (Efésios 4:11-12). Onde entram os animadores? O Espírito Santo silencia no que diz respeito a eles. Foram os profetas perseguidos porque divertiram o povo ou porque o rejeitaram? Em concerto musical não há lista de mártires.
Além disto, prover divertimento está em direto antagonismo com o ensino e a vida de Cristo e de todos os seus apóstolos. Qual foi a atitude da Igreja quanto ao mundo? "Vós sois o sal" (Mateus 5:13), não o doce açucarado - algo que o mundo irá cuspir e não engolir. Curta e severa foi a expressão: "deixa os mortos sepultar os seus mortos." (Mateus 8:22) Ele foi de uma tremenda seriedade.
Se Cristo introduzisse mais brilho e elementos agradáveis em Sua missão, ele teria sido mais popular quando O abandonaram por causa da natureza inquiridora de Seus ensinos. Eu não O ouvi dizer: "Corra atrás destas pessoas, Pedro, e diga-lhes que nós teremos um estilo diferente de culto amanhã, um pouco mais curto e atraente, com pouca pregação. Nós teremos uma noite agradável para as pessoas. Diga-lhes que certamente se agradarão. Seja rápido Pedro, nós devemos ganhar estas pessoas de qualquer forma." Jesus se compadeceu dos pecadores, suspirou e chorou por eles, mas nunca procurou entretê-los.
Em vão serão examinadas as Epístolas para se encontrar qualquer traço deste evangelho de entretenimento! A mensagem delas é: "Saia, afaste-se, mantenha-se afastado!" É patente a ausência de qualquer coisa que se aproxime de uma brincadeira. Eles tinham ilimitada confiança no evangelho e não empregavam outra arma.
Após Pedro e João terem sido presos por pregar o evangelho, a Igreja teve uma reunião de oração, mas eles não oraram: "Senhor conceda aos teus servos que através de um uso inteligente e perspicaz de inocente recreação possamos mostrar a estas pessoas quão felizes nós somos." Se não cessaram de pregar a Cristo, não tiveram tempo para arranjar entretenimentos. Dispersos pela perseguição, foram por todos lugares pregando o evangelho. Eles colocaram o mundo de cabeça para baixo (Atos 17:6). Esta é a única diferença! Senhor, limpe a Igreja de toda podridão e refugo que o diabo lhe tem imposto, e traga-nos de volta aos métodos apostólicos.
Finalmente, a missão de entretenimento falha em realizar os fins desejados. Ela produz destruição entre os novos convertidos. Permita que os negligentes e escarnecedores, que agradecem a Deus pela Igreja os terem encontrado no meio do caminho, falem e testifiquem. Permita que os oprimidos que encontraram paz através de um concerto musical não silenciem! Permita que o bêbado para quem o entretenimento dramático foi um elo no processo de conversão, se levante! Ninguém irá responder. A missão de entretenimento não produz convertidos. A necessidade imediata para o ministério dos dias de hoje é crer na sabedoria combinada à verdadeira espiritualidade, uma brotando da outra como os frutos da raiz. A necessidade é de doutrina bíblica, de tal forma entendida e sentida, que coloque os homens em fogo.
MOVIMENTO DOS IRMÃOS - EXEMPLO A SEGUIR 2
1.2. A origem do movimento de «Irmãos» - um segundo relato
História do chamado movimento de «Irmãos»
Fonte
Texto: Carlos AlvesIn Refrigério n.º 47 a 50
1. DESPERTAMENTO ESPIRITUAL
Nicolaus Ludwig
Jonathan Edwards
No ano de 1719, um jovem da Saxónia, chamado Nicolaus Ludwig (conde de Zinzendorf), visitou a Galeria de Arte da cidade de Dusseldorf e ficou impressionado com um quadro pintado por Domenico Feti. Era uma pintura de Cristo crucificado, com o Seu rosto ensanguentado pela coroa de espinhos e com a seguinte inscrição: "Tudo isto fiz por ti; que fazes Tu por Mim?".
Este jovem de 19 anos saiu dali disposto a consagrar a sua vida Aquele que assim sofrera por Ele. Em 1722 deu asilo nas suas terras de Berthelsdorf, a um grupo de refugiados moravianos. Estes descendiam do movimento Unitas Fratrum (Unidade dos Irmãos), criado por João HUSS, cem anos antes de Lutero, e que foi levado à fogueira. Assim, o Conde de Zinzendorf protegeu-os e tomou-se seu líder. Passaram a denominar-se por Herrnhut ("O redil do Senhor").
Em 12 de Janeiro de 1723, Jonathan Edwards, com 20 anos de idade fez este voto ao Senhor: 'Dou-me a mim mesmo e tudo o que tenho a Deus. Para o futuro não actuarei como se tivesse direitos. Solenemente tomarei a Deus por minha porção e felicidade. Suas leis serão a regra da minha conduta. Lutarei contra o mundo, a carne e o diabo até ao fim da minha vida".
Começou a pregar a necessidade de uma verdadeira experiência pessoal de conversão. No ano de 1734, na cidade de Northampton, Mass., as pessoas começaram a responder, com profunda emoção e lágrimas, dando graças a Deus pelo perdão alcançado.
Este despertamento varreu toda aquela região, estendeu-se até Connecticut, e muitos pastores e igrejas foram verdadeiramente influenciadas por este despertamento.
John WesleyGeorge Whitefield
Em 1735 ia a bordo do navio Simmonds para a Geórgia, um jovem clérigo anglicano para pastorear uma igreja em Savannah. Levantou-se uma tempestade e o mastro maior quebrou-se. Fez-se pânico entre toda a tripulação, mas, felizmente, ia ali um pequeno grupo de moravianos que, cheios de paz cantavam hinos de gratidão a Deus. Este jovem ficou impressionado, e ao chegarem á América, interrogou um deles, de nome Spangenberg, o qual fez-he as seguintes perguntas: "Meu irmão, tens o testemunho dentro de ti?" Dá testemunho o Espírito de Deus e o teu espírito de que és um filho de Deus?" Conheces a Jesus Cristo, sabes que Ele te salvou, tens a esperança de que Ele morreu para te salvar?"
O jovem clérigo, que não era outro senão John Wesley, ficou muito pensativo e perturbado, pois reconhecia no seu íntimo que não possuía aquela certeza de vida eterna. As coisas não lhe correram bem e regressou a Inglaterra. Finalmente, em 24 de Janeiro de 1738, com 35 anos de idade, teve a experiência que mudou a sua vida. Ele mesmo a descreve no seu diário: "A noite, fui de má vontade à Rua Aldersgate, onde alguém lia o prefácio de Lutero à epístola aos Romanos. Ao faltar um quarto para as nove, enquanto ele descrevia a mudança que Deus opera no coração mediante a fé em Cristo, senti em meu coração um ardor estranho. Senti que confiava em Cristo, e somente Nele, para minha salvação e me foi dada a certeza de que Ele havia resgatado os meus pecados, e me salvou da lei do pecado e da morte."
A partir de então, nunca mais duvidou da sua salvação. Começou com George Whitefield a pregar ao ar-livre e milhares de almas se converteram. Todo o seu trabalho é bem conhecido no mundo cristão e seus seguidores tomaram o nome de metodistas.
2. MISSÕES
Foi ainda no séc. XVIII que apareceram as primeiras Sociedades Missionárias. No ano de 1792, foi criada a Sociedade Missionária Baptista, por influência de William Carey, tornando-se este o seu primeiro missionário, ao partir para a Índia em 1794.
Em 1795, fundou-se a Sociedade Missionária de Londres (LMS), com a cooperação das Igrejas Metodistas, Presbiterianas e Congregacionais.
Em 1799, surgiu a Sociedade Missionária da Igreja (CMS), pela ala mais evangélica da Igreja Anglicana.
Já no séc. XIX, em 1804, foi criada a Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira, com o propósito de editar Bíblias, Novos Testamentos e porções em diversas línguas. A partir de então, muitas mais Sociedades Missionárias foram criadas, quer na Europa, quer nos E.U.A..
3. REVOLUÇÃO INDUSTRIAL E POLÍTICA
A revolução industrial começou na Inglaterra, durante o reinado de Jorge III (1760-1820) e levou a um aumento dramático da produção de carvão, ferro e máquinas. Começou a era das invenções, com a criação das máquinas de fiar o algodão, a vapor por James Watts, dos primeiros comboios, pontes de ferro, etc.
No aspecto político, a liderança das explorações ultramarinas passou de Portugal e Espanha para a França, Inglaterra e Holanda. A Europa do Norte tomou a liderança do mundo. Dá-se em 1776 a independência dos EUA; a revolução francesa, de 1789-95; as guerras napoleónicas (1796-1815); a abolição da escravatura na Inglaterra em 1807; a unificação da Itália (1860), e a unificação da Alemanha, por Bismarck em 1880.
4. EXPLOSÃO NAS COMUNICAÇÕES E TRANSPORTES
A revolução industrial tirou milhares de pessoas dos campos para as cidades. Estas passaram de pequenos burgos, à volta de um castelo, a grandes metrópoles. Lugares montanhosos e inóspitos, tornaram-se rapidamente, e devido ao seu subsolo mineral, em grandes cidades. Também multidões de gente jovem emigra para os novos países, saído das ex-colónias.
O motor trouxe melhores transportes, e mais rápidos. Faraday descobre em 1831 o motor eléctrico e o dínamo. Em 1833, Swan e Edison criam uma empresa para o fabrico de lâmpadas. Em 1876, Bell inventa o telefone. Em 1885, Benz apresenta o seu automóvel. George Eastman inventa em 1888 a sua máquina fotográfica Kodak e Lumière, em 1895, o seu primeiro filme.
Tudo isto veio transformar e revolucionar o modo de viver do homem. Mesmo no campo da saúde, lembremos que Simpson descobre o clorofórmio em 1847. A Igreja daquele tempo, na Escócia, opunha-se à aplicação do mesmo, mas a rainha Vitória usou-o, em dois dos seus partos, com bastante êxito, e isto mudou a opinião dos clérigos. Florence Nightingale cria a enfermagem e nasce assim a Cruz Vermelha. Pasteur (1822-1885), com o invento alcança uma grande vitória contra os germes, destruindo-os com o aquecimento dos líquidos a uma temperatura de 60º C.
5. O NASCIMENTO DO MOVIMENTO DE «IRMÃOS»
Com todo este desenvolvimento, principalmente na Europa, muitos sentem-se descontentes com a frieza, o ritualismo e a falta de vida espiritual do cristianismo daquele tempo. As Igrejas existentes estavam cheias de formalismo, e os clérigos na sua maioria não eram bons exemplos. Os leigos tinham agora a possibilidade de examinarem as Escrituras. E muitos sentiam a falta de alimento espiritual nas suas Igrejas. Estes ansiavam por uma caminhada mais íntima com o Senhor. Ao lerem as Escrituras, iam ficando impressionados com a sua importância, não só no que respeita à salvação comum, como também à conduta e ao testemunho de cada crente.
Assim, entre 1825-30, quase espontaneamente, nas cidades de Plymouth, Bristol e Londres, na Inglaterra, e na cidade de Dublin (Irlanda), aparecem os primeiros irmãos a reunirem-se em pequenos grupos, para estudarem e meditarem nos ensinos bíblicos para a Igreja. E à medida que aprofundam, mais impressionados ficam ao descobrir a sua simplicidade e a preciosidade das Igrejas do N.T.. Logo procuram reunir-se com a mesma simplicidade e ensinarem as verdades redescobertas, tais como: a verdadeira natureza da Igreja; a posição do crente em Cristo; o sacerdócio de todo o crente, a Segunda Vinda do Senhor e o Seu Reino Milenal na Terra.
6. PORTUGAL NOS SÉCULOS XVIII e XIX
Quando em 1640 Portugal restaura a sua independência do jugo castelhano, entre a maioria do povo passa a existir uma nova esperança. O Pe. António Vieira notabiliza-se pelos seus sermões, tendo o rei D.João IV o enviado para junto de algumas nações amigas para ali estabelecer alianças. João Ferreira de Almeida traduz a Bíblia para a nossa língua, em Batávia, nas Ilhas Holandesas, mas esta, por muitos anos, é praticamente desconhecida no nosso país devido à Inquisição que existia desde D.João III, em 1547.
Oportunidades perdidas...D. José começa a reinar em 1750 e logo em 1755 dá-se o terrível terremoto sobre Lisboa. O Mq. Pombal empreende uma vasta e admirável obra de reconstrução. O Pe.António Figueiredo traduz a Bíblia, mas infelizmente, são poucos portugueses que têm acesso à sua leitura.Morre D.José e sobe ao poder sua filha D.Maria I, de 1777 a 1792, altura em que é declarada oficialmente louca. O Mq. Pombal é submetido a julgamento, num processo doloroso, cujas sessões chegam a durar 8h seguidas. Finalmente é deposto e exilado. Na regência de D.João, em 1799, prenderam Francisco Coelho da Silva por traduzir a "Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão".Com a subida ao poder de Napoleão, na França, dá-se em Portugal ...
... O período mais negro
Em 1807 a família real foge para o Brasil e mais de 15.000 nobres seguem o mesmo exemplo. Nesse mesmo ano dá-se a 1.ª invasão francesa, comandada por Junot. O patriarca de Lisboa, Francisco de Mendonça, para serenar os ânimos do povo afirmava que Napoleão era o homem prodigioso que Deus tinha destinado para anparar e proteger a religião e fazer a felicidade dos povos". Junot, para esconjurar a ira popular, impôs em 1808 a todos os párocos que saíssem das suas capelas com o "santíssimo sacramento" e dessem a bênção aos soldados franceses.A segunda invasão, dá-se em 1809 por Soult. Dá-se a tragédia da Ponte das Barcas, onde morreram 20.000 pessoas afogadas no rio Douro. Devido à influência inglesa, mas contra o clero, Soult retirou-se em Maio 1809. Em 1811 dá-se a 3.ª invasão, por Massena, que entra no Alentejo. Olivença é perdida para os espanhóis, mas os franceses são vencidos e fogem, sem que primeiro causassem grandes prejuízos, muita fome e miséria.
Novas EsperançasO Brasil proclama a sua independência em 1822, e criam-se dois partidos rivais - os absolutistas (D.Miguel) e os liberais (D.Pedro). O liberalismo extingue o Tribunal da Inquisição em 1821, e opôs-se ao regresso dos jesuítas. Em 1834, por um decreto de 30 de Maio, Joaquim António de Aguiar extingue todas as casas de quaisquer ordens religiosas - conventos, mosteiros, colégios, hospícios - e nacionalizou todos os seus bens, à excepção dos objectos sagrados de culto. Em 1841 as ordens religiosas voltam a aparecer: jesuítas, franciscanos e beneditinos. Homens de letras, como Almeida Garrett, Alexandre Herculano, Júlio Dinis, Eça de Queirós, manifestam o seu anti-clericalismo e responsabilizam-no por todo o atraso e miséria. D.Carlos e seu primogénito são assassinados em 1908, ficando assim aberto o caminho para a implantação da República e para a implantação do verdadeiro Evangelho de Cristo e da verdadeira Igreja.
7. A ORIGEM DO MOVIMENTO
Entre os anos de 1825 a 1830, na Irlanda e Inglaterra, mais propriamente nas cidades de Dublin, Plymouth, Bristol e londres, alguns jovens religiosos manifestavam o seu descontentamento pela falta de vida espiritual que, segundo eles, existia nas suas igrejas. Realmente, as igrejas saídas da Reforma, por aquela época estavam muito ligadas e até dominadas pelo poder constituído, cheias de ritualismo e de um formalismo sem vida.
Assim, jovens como António Norris Groves, dentista de Plymoutn, João Bellett, advogado em Dublin, João Nelson Darby, clérigo irlandês, João Pamell, que veio a ser Lord Congleton, William Stoks, Benjamim Newton, William Gladstone, mais tarde Primeiro Ministro, George Müller e Craick em Bristol, Cronin, ex-sacerdote católico, Hall Harris e Soltam, começaram pelo estudo das Escrituras em pequenos grupos, ficando impressionados com a sua importância. Foram assim descobrindo como as Igrejas do Novo Testamento se formavam e se desenvolviam. Depressa este movimento cresceu e se espalhou por toda a Europa e até pelo mundo.
Norris Groves foi o seu primeiro missionário. Em 124-1829 embarca com a sua mulher e dois filhos para Bagdade, via S.Petersburgo, na Rússia, onde trabalhou durante 20 anos. De 1872 a 1973, mais de 4.000 homens e mulheres foram separados para a Obra do Senhor em cerca de 100 países, obedecendo e dependendo inteiramente do Senhor para o seu sustento. Em 1992 calculou-se existir 1.410 missionários recomendados por assembleias de língua inglesa e servindo ao Senhor em mais de 70 países.
8. O MOVIMENTO EM PORTUGAL
Com as invasões napoleónicas, tropas inglesas vieram ajudar as mal preparadas tropas portuguesas a expulsar os invasores franceses. Muitos ingleses fixaram residência entre nós. Estes criaram entre nos as suas igrejas, as suas escolas e até os seus cemitérios.
George Borrow
Em 06-11-1835, George Borrow embarca em Londres, no navio London Merchant, com direcção a Lisboa, enviado pela Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira, para junto de correspondentes ingleses, para averiguar as possibilidades de incrementar a circulação das Sagradas Escrituras em Portugal.
Os correspondentes ingleses eram John Wilby, comerciante em Lisboa e que possuía um depósito de Biblias (versão Pereira de Figueiredo) e Rv. Whiteley, capelão britânico na cidade do Porto, que ficaram com umas 400 Bíblias e alguns Novos Testamentos. Este servo do Senhor, além duas cidades, visitou Sintra e Évora, tendo nesta cidade oferecido uma Bíblia e 10 N.T. a Gerónimo de Azevedo. Reconhecendo as imensas capacidades que havia em Portugal, foi depois para Espanhanha, onde ali desenvolveu um promissor trabalho por longos anos.
Em 1867, James Cassels funda em Vila Nova de Gaia a Escola do Torne, logo acrescentada com o templo actual, que cremos ser a Primeira Igreja protestante em Portugal e para os portugueses. Diogo Cassels tinha nascido na Rua do Campo Alegre (Porto) tinha então 24 anos de idade e era o 1.º filho de 10 irmãos de uma família inglesa. Mais tarde fundou novas escolas e igrejas, em Gaia e Porto. A Câmara do Porto concedeu-lhe o diploma de "Benemérito da Instrução", deu o seu nome à antiga Rua do Tome, erigiu o seu busto no Jardim da Avenida e o Governo da República, mais tarde, condecorou-o com a comenda da Ordem de Cristo.
Em 1870 chega a Portugal o primeiro casal de missionários dos Irmãos a Lisboa. São eles, Ricardo e Catarina Holden. Começaram por relacionar-se com Helena Roughton, esposa dum comerciante inglês e principiam com reuniões em casas particulares. Em 1872. abrem a primeira Casa de Oração dos Irmãos. Em 1876 editam o primeiro Hinos e Cânticos, com 46 cânticos, sendo 38 hinos e 8 coros. Ricardo Holden foi chamado à presença do Senhor em 1886.
Em 1891 chega a Lisboa Stuart E. McNair, com 24 anos de idade e hospeda-se em casa de Catarina Holden e seu filho Ernesto, que neste tempo tinha apenas 11 anos. D. Catarina, com outras senhoras, dirigia reuniões de moças e crianças e visitava o Hospital Militar para evangelizar soldados doentes. Entretanto. McNair veio para Coimbra, onde residiu 3 anos, conhecendo um advogado crente, Dr. Joaquim Leite Júnior. De bicicleta, visitava as feiras e os mercados até Aveiro, onde chegou a arrendar uma pequena casa, onde passava metade de cada semana. Chegou a editar um periódico - "O Semeador" para evangelizar estudantes de Coimbra.
Outros irmãos chegaram, almas se converteram e assembleias foram-se abrindo. Hoje, temos fortes motivos de dar graças ao Senhor pelo trabalho feito, com tantas dificuldades e lutas. Convém-nos continuar, seguindo o Seu modelo e o Seu Exemplo.
MOVIMENTO DOS IRMÃOS- EXEMPLO A SER SEGUIDO
1.1. A origem do movimento de «Irmãos»
Um esboço histórico do movimento conhecido como "Irmãos".
Fonte
Autoria:Arnold Doolan
1. INTRODUÇÃO
Em que consiste este movimento chamado de "Irmãos"? Para muitos dos seus amigos cristãos, eles aparecem como figuras indistintas, um pouco exóticas, possuídas de um forte desejo de permanecerem anónimos, e sem pretensões de serem reconhecidos como denominação vasta e influente. Têm muitos salões de reunião, mas nenhuns profusamente decorados, ou arquitectónicos templos de adoração. São normalmente vistos como cristãos bem intencionados, mas desprovidos de história, e dificilmente de qualquer identidade.
É contudo interessante notar que um historiador, ao escrever acerca do movimento dos Irmãos, começou as suas observações afirmando o seguinte: "...não tem paralelo em toda a história da Igreja de Deus, visto que em nenhuma outra altura foi a Palavra de Deus por si só e liberta de qualquer tradição, tomada como guia daqueles que têm buscado um reavivamento na Igreja de Deus". - H. Soltan, 1863.
Muitas pessoas considerarão a afirmação acima como algo de extravagante, mas verifica-se que ainda hoje os Irmãos aderem muito de perto à Palavra de Deus, e buscam ser primariamente guiados por essa Palavra.
Assim, a pergunta tem que ser feita: Como surgiu este movimento? Onde começou? Quem foram os homens e mulheres envolvidos no seu começo? Será que a voz deste movimento tem alguma relevância no mundo evangélico actual? Terá ele tido algum efeito marcado na mudança do padrão do pensamento evangélico desde o seu princípio? De forma a poder responder a todas estas perguntas com profundidade, seria necessário ter-se ao dispor mais tempo e material do que este escritor possui. Só nos é permitido assim oferecer um breve esboço da história do movimento, referindo sumariamente algo relacionado com os esforços missionários (ou seja, a difusão do movimento à escala mundial), e considerando a posição doutrinária e situação actual do movimento, no fecho do século XX.
2. A ORIGEM
Ao olharmos para a história do movimento dos Irmãos, chegamos rapidamente à conclusão de que se trata de uma descrição cativante de uma contínua herança espiritual que tem suas raízes nos tempos apostólicos. É verdade que o movimento agora conhecido por Irmãos (Irmãos Plymouth, Irmãos Cristão pode ser reconstituído até à data de 1825, mas sido provado que este foi simplesmente um saliente, marcando um acontecimento dentro de movimento constante do Cristianismo. A declaração de Soltan (referida no capítulo 1), conquanto possa ser um pouco enfática, mostra pelo menos uma coisa: se os pioneiros Irmãos estavam pisando caminho bem gastos por anteriores espíritos radicais, fizeram-na na ignorância de seus predecessores. O momento foi uma erupção espontânea de um continuado elemento no cristianismo, que ainda hoje é largamente ignorada pelos escritores de assuntos religiosos.
Não se pode assim marcar uma data definida para o começo desta obra de Deus que conhecemos como movimento dos Irmãos. Ao contrário disto porém, parece que durante um determinado período de tempos certos homens piedosos reconheceram que nem tudo estava bem com a Igreja estabelecida. Eles ansiavam por uma caminhada mais íntima com o Senhor, e um relacionamento mais simples e significativo com Ele.
Na maior parte dos países da Europa Ocidental e na maioria dos grupos religiosos, o começo século XVIII foi marcado como sendo uma altura de declínio da vitalidade. Nos países católico-romanos Roma dominava e determinava os termos pelos quais pessoas se podiam aproximar do Senhor. Nos países protestantes estava-se na idade da razão, e todas as formas de fervor religioso eram consideradas perigosas e degradantes Os pioneiros Irmãos foram de muitas formas uma reacção contra a atitude dominante e ditadora do catolicismo romano, e a inércia e superficialidade do protestantismo em geral. Não há nenhuma dúvida que eles estavam na vanguarda da reforma radical. "O seu movimento, cristalizando à volta de líderes de personalidade e influência, focalizou algumas das tendências que tinham estado presentes em todos os desenvolvimentos desde Wycliffe". - F. R. Coad.
Ele juntou uma alta insistência na conduta santa, a um apelo directo às Escrituras, acima da cabeça de qualquer e toda autoridade existente; a rejeição de ditaduras ministeriais, o conceito da Igreja como comunhão e unidade de todos os crentes, e a libertação dos dons em todos os membros da congregação.
Homens como Anthony Norris Groves, J. N. Darby, Lord Congleton, J. G. Bellett, Dr. Edward Cronin e outros, ficaram impressionados com a importância, bem como com a possibilidade de um retorno à Palavra de Deus. Não apenas para assuntos relacionados com a salvação pessoal, mas também em assuntos de conduta e o testemunho das Igrejas.
Anthony Norris Groves
John Nelson Darby
Em 1827, Anthony Norris Groves, um dentista de Plymouth, encontrava-se em Dublin, Irlanda, estudando no Colégio Trinity. Em conversas com J G. Bellett, um advogado, Groves afirmou que pelos seus estudos das Escrituras parecia-lhe que os crentes eram livres para partirem o pão uns com os outros, tal como o Senhor lhes ordenara; e ainda que, deixando-se guiar pelas Escrituras, passariam a reunir-se sempre no dia do Senhor para este mesmo prop6sito, aparte de quaisquer restrições eclesiásticas. Até àquela altura, o dispensar da ceia do Senhor tiha estado nas mãos das autoridades eclesiásticas. Muito pouco tempo depois, um grupo reunia-se em Dublin com este propósito.
Mais ou menos nessa mesma altura, um outro grupo se estava formando com o mesmo propósito John Vesey Parnell (posteriormente Lord Congleton), e dois amigos, tentaram começar a reunir-se, como demonstração da sua unidade como filhos de Deus, apesar de algumas divergências eclesiásticas. Não conseguindo encontrar nenhuns companheiros que tivessem a mesma opinião que eles, e desconhecendo o facto de que Groves, Bellet e outros já se estavam a reunir, começaram a partir o pão em suas próprias casas.
Pouco tempo depois, um dos elementos daquele grupo encontrou-se com Bellet, e após breve conversação, reconheceram a sua unidade de propósito, e isso resultou na junção dos dois grupos. Nesta altura, Groves tinha saído da Inglaterra, mas um jovem clérigo irlandês, John Nelson Darby, se tinha entretanto juntado ao grupo.
Darby tinha recebido a sua graduação do Colégio Trinity, Dublin, como "Medalhista Clássico", estagiou algum tempo como conselheiro jurídico, foi ordenado sacerdote na Igreja, e nomeado ,para uma paróquia em Co.Wicklow. Depois de ter assistido a algumas reuniões de estudo bíblico na casa da viscondessa Powerscourt, Darby encontrou-se com A. N. Groves e Lord Congleton, e abandonou em 1827 a sua posição paroquial, completando um ano depois a sua separação da Igreja Católica-Romana, e encontrando-se com os irmãos acima mencionados.
George Müller
Darby foi persuadido a visitar Oxford em 1830, e aí encontrou-se com B. W. Newton, um erudito de grande distinção, G.V. Wigram (que mais tarde compilou uma Concordância grega do Novo Testamento, seguida mais tarde de uma Concordância Hebraico-Caldaica do Velho Testamento), e W. E. Gladstone (que mais tarde se tornou em primeiro-ministro da Inglaterra).
B.W. Newton era oriundo de .Plymouth, IngIaterra, e no ano de 1832 formava-se uma reunião naquela cidade, a primeira do género em toda a Inglaterra. Em breve se lhe seguiriam reuniões em Londres e Bristol. Alguns grandes nomes estiveram ligados a essas reuniões pioneiras, tais como George Müller, Henry Craik, S.P.Tregelles (crítico textual), R. Chapman, etc. O tempo e o espaço não permitem a menção de outros, mas é evidente que o Senhor escolheu homens proeminentes para executarem a Sua obra.
Da Inglaterra, o movimento espalhou-se pela Suíça, Alemanha, Holanda, Itália, Canadá, E. U A., Índias Ocidentais, Nova Zelândia, mas alguns mais tarde. Tal foi o início daquilo que é agora conhecido por movimento dos "Irmãos". Este nome nunca foi apropriado pelos irmãos pioneiros, os quais não conheciam outro nome a não ser o do Senhor Jesus Cristo. O nome, quer seja Irmãos, Irmãos Plymouth, Irmãos Cristãos, etc., tem sido aplicado por outros e contudo é ainda verdade que as muitas assembleias espalhadas por todo o mundo se reúnem apenas no Nome que é sobre todo o nome, o Nome do Senhor Jesus Cristo. Os homens e mulheres pioneiros deste movimento não tiveram nenhum desejo de ter qualquer título exclusivo, a sua única preocupação era um retorno à Palavra de Deus com única autoridade em relação à sã doutrina, vida pessoal, e reuniões colectivas dos filhos de Deus.
3. ACTIVIDADE MISSIONÁRIA DO MOVIMENTO
A actividade missionária do movimento é algo de espantoso. Logo desde o início, e começando com A. N. Greves, o seu zelo missionário foi algo de notório É difícil haver algum país do mundo que não tenha sid6 afectado por este movimento.
Assim, longe de constituir um movimento mera mente anglo-saxónico, ele espalhou-se até aos quatro cantos da terra. Na maior parte dos antigos países comunistas (de leste) podiam e pode encontrar-se assembleias de cristãos que se reúnem sob os princípios simples do Novo Testamento, os mesmos princípios que foram a luz guiadora dos primeiros "Irmãos". Deus, na Sua grande graça, tomou e enviou das suas fileiras vastos números para testemunharem em terras estrangeiras.
Em 1829, A. N. Groves, dependendo apenas de Deus, foi até Bagdade, capital do Iraque, por meio de um pequeno iate, indo primeiro a S. Petersburgo (ex-Leninegrado), e depois através do Sul da Rússia, em carroça, até Bagdade. Foi com sua esposa e dois filhos, de 9 e 10 anos, o tutor dos rapazes, a irmã de sr. Groves, Lídia, Miss Taylor, e o sr Bathie, um jovem da Irlanda. Depois de terríveis contratempos, começaram a trabalhar em uma região que estava sendo devassada pela praga bubónica. Quase todos es habitantes da cidade eram muçulmanos fanáticos que se deliciavam em assassinar pessoas, fazer guerras e roubar. Durante aquele tempo, Mary Groves morreu atingida pela praga, bem como o pequeno bebé que lhes tinha nascido. Mais de 30.000 pessoas pereceram naquela terrível doença. Durante todo aquele tempo Groves tinha-se mantido fiel ao seu Senhor, dependendo dEle apenas para suprir às suas necessidades. De Bagdade, Groves foi até à Índia, e estabeleceu ali o trabalho no Delta Godaveri. Visitando e Inglaterra em 1853, ficou enfermo, e passou à presença do seu Senhor na casa de George Müller, em Bristol, com a idade de 58 anos.
Groves era um exemplo típico dos velhos pioneiros, aqueles que através de labutas auto-impostas e sacrifícios levaram e Evangelho a muitas terras, estabelecendo assembleias de povo de Deus, e dando muitos o seu todo, e mesmo até suas vidas por amor ao Evangelho.
A obra no continente europeu tinha sido ajudada por uma viagem evangelística na Espanha., em 1832, conduzida por R. C. Chapman. Mais tarde, isso foi acompanhado e seguido por ensinadores, e depois de 1869 a obra desenvolveu-se em Barcelona, Madrid, e na província da Galiza.
Cerca de 1870, a obra desenvolveu-se também em Portugal, e tornou-se em um dos maiores grupos evangélicos no país.
Um trabalho interessante começou na Itália, sob a liderança de Conde Piero Guiccardini, cabeça de uma das mais antigas e famosas famílias em Florença. Em 1851, Guiccardini e outros seis crentes foram presos pela policia por terem organizado leituras privadas da Bíblia, em sua casa. Foi condenado a 6 meses de prisão, e mais tarde exilado. Numerosas prisões de crentes se seguiram em Florença, por nenhuma outra razão a não ser a profissão da fé evangélica, e por organizarem leitura da Bíblia em seus lares. A Itália tem tido um forte trabalho indígena por mais de um século, o qual continua, apesar do que e inimigo possa fazer.
Os esforços missionários continuaram a espalhar-se através de toda a Europa, América do Norte, do Sul, Canadá, Neva Zelândia, Austrália, África, Rússia, India e Ilhas das Caraíbas. A China, Japão e outros países do Extremo-Oriente foram alcançados e grupos de assembleias foram formados em todos estes ugares.
Muitas organizações missionárias bem conhecidas actualmente tiveram suas origens nos Irmãos. Podiam-se mencionar muitos nomes ligados ao grande esforço de obedecer ao mandamento de Senhor: "Ide todo o mundo e pregai o Evangelho...".
Podemos pensar no Dr. Baedeker, que gastou tanto tempo na Rússia, Hudson Taylor na China, F. S. Arnot na África, C. Bull no Tibete, ao lado dos que já foram mencionados, e muitos mais que deixaram suas casas e familiares, sacrificando-se, em simples obediência ao mandamento do Senhor. Tem sido afirmado que de todos os grupos evangélicos, nenhum providenciou tantos missionários para terras estrangeiras como o movimento conhecido por "Irmãos". A nossa oração constante é para que os jovens de hoje possam receber essa mesma visão que receberam os primeiros Irmãos, entregando-se totalmente ao Senhor, e estando dispostos a ir onde quer que Ele es envie. Os campos de hoje estão na verdade brancos para a ceifa, o mandamento de ir foi dado há quase 2.000 anos atrás, e nunca foi rescindido. Há tantas portas abertas, tantas almas partindo para a eternidade sem Cristo; que desculpa teremos nós para, apresentar ao Senhor por não termos saído para alcançar os perdidos? Jovem cristão, não esperes que os homens te enviem, olha somente para o Senhor, e confia nEle completamente para direcção e para o suprimento de todas as tuas necessidades. Não compareças perante o tribunal de Cristo de mãos vazias.
4. POSIÇÃO DOUTRINÁRIA
Nesta secção, tentaremos contemplar brevemente a posição doutrinária do movimento dos Irmãos, e considerar a posição corrente.
Não têm faltado ao movimento os seus críticos e detractores, mas poucas pessoas espirituais poderiam negar que não tenha sido uma tentativa honesta de retorno às Sagradas Escrituras, e que tenha e certa medida actuado como um saí da terra para por em cheque a apostasia da cristandade moderna.
Os antigos crentes em Dublin e Plymouth voltaram ao Novo Testamento para sua direcção. Eles não perguntaram: "Que diz Roma?"; ou: "Que pensavam os Pais da Igreja?"; mas sim: "Que diz Espírito Santo através da Palavra?". Aqui estava o princípio vivo, a base para cada reavivamento autêntico que tem tido lugar, um retorno à Palavra de Deus.
Havia uma simplicidade de coração quase que ingénua em resposta à leitura da Bíblia, e que conduzia a uma completa devoção a Cristo como Cabeça da Igreja. Isto conduziu em troca a um reconhecimento da unidade do Corpo de Cristo, á presença do Espírito Santo, o sacerdócio de todos os crentes e as implicações da unidade cristã.
Eles reconheceram que a Igreja não é uma monarquia, tão-pouco uma democracia, mas sim uma teocracia.
Ou seja, somente Cristo é o Cabeça da Igreja. A liberdade do Espírito não é a "liberdade para que cada um faça o que lhe apetece, mas para que cada um seja guiado e controlado pelo Espírito Santo. Uma coisa que se verifica em assembleias modernas é a relutância em reconhecer a importância de uma obediência literal ao ensino das Santas Escrituras. E alguns casos, o ensino e princípios da Bíblia têm sido suplantados pelos ensinos de homens, por vezes em busca de algo de novoe, e outras vezes por ser mais fácil seguir os homens, do que, em oração e devoção, seguir o ensino do Senhor, tal come está revelado em Sua Palavra.
Nos dias antigos, o exame longo e cuidadoso das Escrituras constituía a regra na decisão da conduta, tanto dentro como fora das reuniões. Os antigos Irmãos verificaram que o próprio Senhor coloca anciãos em cada Igreja como guias e ensinadores. Isto não implica que es crentes devam eleger anciães de acordo com os seus próprios desejlos, mas que devem sim esperar no Senhor que Ele levante aqueles que Ele qualifica para apascentarem o rebanho. Os santos irão reconhecer aqueles a quem e Espírito Santo tem chamado, e submeter-se-ão a eles no Senhor.
Os antigos "Irmãos" também puderam ver pela Escritura que cada assembleia loca devia ser independente das outras no governo da igreja, não estando ligadas por estruturas denominacionais, ou políticas eclesiásticas, mas sendo livres para reconhecerem outras assembleias como parte da grande grela de Cristo, quando vistas nessas assembleias evidências da presença de Cristo.
Nas antigas reuniões dos Irmãos, a prática de baptizar os crentes na altura da sua confissão de fé no Senhor Jesus, tal come é ensinado e exemplificado no Nove Testamento, foi iniciada, e tem sido continuada até hoje nas assembleias, através de todo o mundo.
Da mesma forma, o ajuntamento para celebrar a Ceia do Senhor era, e tem sido até hoje, uma das principais reuniões dos Irmãos. Em relação a isto, podemos acrescentar dois comentários, ou melhor, duas citações dos antigos Irmãos: Primeiro, o Dr. Edward Cronin, convertido do catolicismo romano que escreveu a um amigo: "Óh, os abençoados períodos com a minha alma que conhecemos naquelas primeiras reuniões, quando deixando a mobília lado, e pondo a simples mesa com o seu vinho, nos encontrávamos para recordar e Ser períodos de alegria para nunca mais esquecer; certamente que tínhamos e sorriso e aprovação do Mestre naquelas reuniões". Em segundo lugar, citamos George Müller: "Em relação à Ceia do Senhor embora tenhamos um mandamente específico relacionado com a frequência da sua observância, o exemplo dos apóstolos e dos primeiros discípulos levar-nos-á, apesar disso, a observar esta ordenança em cada dia do Senhor". Assim tem esta prática continuado até ao dia presente em todas as assembleias conhecidas por Irmãos.
O movimento conhecido como Irmãos surgiu porque a vida que existia na Igreja parecia ser formal e sem vida. Quando raiou e século XVIII, raiou uma igreja adormecida, havia pouco ou nenhum entusiasmo em lado algum por uma caminhada íntima com o Senhor, a aderência à Sua Palavra tinha deixada de lado, e o Racionalismo e Ritualismo estavam tomando o seu lugar.
O movimento dos Irmãos começou espontâneamente, como um movimento do Espírito Santo operando nos corações e mente dos homens. Ocorreram fraquezas, e ainda ocorrem hoje. Elas sempre ocorrerão enquanto os homens não seguirem pensar através das implicações totais de suas crenças, ou compreenderem o que é que estão realizando. Contudo, e apesar das fraquezas, Deus tem-Se dignado abençoar este movimento de uma forma notável, para a salvação de milhares de preciosas almas, e para o avanço de Seu reino universal.
Os Irmãos primitivos não publicaram qualquer credo, ou declaração de fé, mas tal como tem side diversas vezes dite neste esboço, eles dependiam unicamente da direcção de Espírito Santo, através da Palavra de Deus. Há, contudo, quatro princípios básicos e duradoiros que es têm caracterizado desde o princípio, e aqui, cito F. R. Coad. Ele apelida-os de "quatro liberdades dos Irmãos":
A liberdade da Palavra de Deus no meu pensamento;
A liberdade do Senhor Jesus Cristo no meu viver;
A liberdade do Espirito Santo na minha adoração e serviço;
A liberdade de todo o Corpo de Cristo na minha comunhão.
terça-feira, 9 de junho de 2009
ESTÊVÃO - EXEMPLO DE FÉ E CORAGEM
ESTÊVÃO O PRIMEIRO MARTIR
Este é o título que encontramos como cabeçalho no Capítulo 6 de Atos dos apóstolos, a partir do versículo 8.
É Estêvão considerado o primeiro mártir, devido a ter sido ele o primeiro servo de Deus a morrer pela Palavra de Deus logo após a morte do Senhor Jesus. Após Estêvão, seguiram outros, como o próprio Tiago. Mas se olharmos pela história Estêvão não foi o primeiro mártir morto por causa da Palavra de Deus. Podemos citar João Batista, que foi morto ainda enquanto Jesus vivia e cumpria o seu ministério. Morreu por causa da Palavra de Deus. Alguém poderá dizar que João foi morto devido ao ódio e injustiça de Herodes e Herodias. Mas não foi. João Batista foi morto porque pregava a Palavra de Deus, pregava a verdade, e isto incomodou tanto Herodes como Herodias, pois não andavam segundo a Palavra de Deus.
Mas o que temos que considerar aqui é sobre a vida e morte de Estêvão. Um homem que aparece tão inesperadamente descrito no livro de Atos. Em poucos capítulos é contada a sua morte. Ao lermos o livro de Atos nos parece que este homem, teve muito pouco serviço na obra de Deus. Mas será um grande engano ao considerarmos isto.
Cap.6- 1Ora, naqueles dias, crescendo o número dos discípulos, houve uma murmuração dos gregos contra os hebreus, porque as suas viúvas eram desprezadas no ministério cotidiano. 2E os doze, convocando a multidão dos discípulos, disseram: Não é razoável que nós deixemos a palavra de Deus e sirvamos às mesas. 3Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete varões de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante negócio. 4Mas nós perseveraremos na oração e no ministério da palavra. 5E este parecer contentou a toda a multidão, e elegeram Estêvão, homem cheio de fé e do Espírito Santo, e Filipe, e Prócoro, e Nicanor, e Timão, e Pármenas e Nicolau, prosélito de Antioquia; 6e os apresentaram ante os apóstolos, e estes, orando, lhes impuseram as mãos.
7E crescia a palavra de Deus, e em Jerusalém se multiplicava muito o número dos discípulos, e grande parte dos sacerdotes obedecia à fé.
Antes da morte de Estevão temos detalhado em Atos a perseguição que foi imposta contra os apóstolos, como por exemplo a prisão de Pedro e João.
A morte de Estevão, foi causada pela perseguição dos principais dos sacerdotes judeus. Assim como perseguiram o Mestre. Esta perseguição foi causada pela pregação da verdade que Estêvão pregava. Os principais dos sacerdotes, e muitos judeus, sentiam a dor da verdade entrarem em seus ouvidos, pois estavam todos em pecado. Exigiam que o povo cumprisse a Lei, mas eles mesmos não cumpriam. E o que estava mesmo em jogo era a sua posição eclesiástica, pois viam que a cada dia aumentava o números de convertidos à Fé em Jesus. Sentiram-se ameaçados, viam que sua autoridade estava sendo posta a prova, e que percebendo que os que obedeciam ao evangelho de Cristo não mais davam crédito as suas ordenanças, perceberam que um povo separado estava se formando e crescendo rapidamente.
Procuraram então calar a voz da verdade. E fizeram isto da forma mais diabólica e mesquinha que eles sabiam fazer. Assim como já estavam acostumados a fazer. Usando a mentira. Falsas acusações contra Estêvão, incitaram ao povo a apedrejarem aquele homem que para todos eles tinha cometido vários delitos.
Atos 6: 8E Estêvão, cheio de fé e de poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo. 9E levantaram-se alguns que eram da sinagoga chamada dos Libertos, e dos cireneus, e dos alexandrinos, e dos que eram da Cilícia e da Ásia, e disputavam com Estêvão. 10E não podiam resistir à sabedoria e ao Espírito com que falava. 11Então, subornaram uns homens para que dissessem: Ouvimos-lhe proferir palavras blasfemas contra Moisés e contra Deus. 12E excitaram o povo, os anciãos e os escribas; e, investindo com ele, o arrebataram e o levaram ao conselho. 13Apresentaram falsas testemunhas, que diziam: Este homem não cessa de proferir palavras blasfemas contra este santo lugar e a lei; 14porque nós lhe ouvimos dizer que esse Jesus Nazareno há de destruir este lugar e mudar os costumes que Moisés nos deu. 15Então, todos os que estavam assentados no conselho, fixando os olhos nele, viram o seu rosto como o rosto de um anjo.
E contra estas acusações, Estêvão abriu a sua boca, mas não para se justificar, mas pela última vez poder falar a VERDADE.
Estêvão mostra que o templo não era a verdadeira habitação de Deus,(Cap 7:44..50)
Estêvão condenou a atitude dos seus acusadores e seus ouvinte. Dizendo que tal como os seus antepassados fizeram com os profetas assim eles estavam fazendo agora, rejeitando a verdade da Palavra de Deus.
Exemplo de coragem Quando o trabalho de Estêvão ficou conhecido, algumas pessoas se levantaram contra esse servo (leia Atos 6:8-14). Discutiam com ele, mas não conseguiam resistir seu ensinamento. Estêvão pregava a verdade, mas esses homens não tinham a humildade bastante para admitir seus próprios erros. Ao invés de aceitar e apoiar o trabalho desse servo, os homens usaram táticas desonestas para o opor. Subornaram falsas testemunhas para provocar uma reação popular contra Estêvão. Estêvão não desistiu quando enfrentou esses desafios e as táticas carnais de homens. Ele continuou pregando a mesma mensagem, independente do custo pessoal. Os homens podiam prender e até matar o servo, mas jamais venceriam o Senhor dele. Do exemplo dele, compreendemos melhor a importância de sermos corajosos em manter convicções baseadas na palavra de Deus. Não devemos defender nossas próprias opiniões ou preferências, mas nunca devemos abandonar a verdade para agradar a homens (Romanos 14:19; Gálatas 1:10-12).Qualquer pessoa que se mostra fiel no reino de Deus sofrerá perseguição (2 Timóteo 3:12). Não devemos nos estranhar quando homens carnais criticam ou procuram destruir o nosso trabalho. Mas devemos nos ater somente em pregar a Palavra da verdade. É essa palavra que nos julgará (João 12:47-50).
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